segunda-feira, 7 de abril de 2008

HITÓRICO E TRAJETO DA MARCHA NOTURNA

MARCHA NOTURNA PELA DEMOCRACIA RACIAL:
TRAJETO DE HISTÓRIA E DE RESISTÊNCIA


A Igreja Nossa Senhora da Boa Morte, ponto de partida da Marcha, fica na Rua do Carmo, esquina com a Rua Tabatinguera “nome indígena de origem Caiubi”, é historicamente conhecida por ser o local onde escravos “rebeldes” e condenados recebiam as últimas “bênçãos” antes de serem executados.


Na esquina destas ruas, há mais uma lembrança: as crianças abandonadas deixadas ali eram acolhidas e batizadas pelo Bispo local. Este recolhimento passou a ser feito depois pela “Roda dos Enjeitados”, construída em 1924 pela Santa Casa. A Rua Tabatinguera guarda também a memória da primeira forca de São Paulo, transferida para o bairro da Liberdade no século XVIII.



A Igreja Nossa Senhora da Boa Morte, é o local que o Padre Batista foi capelão e iniciou o seu trabalho com crianças e adolescentes de rua, sendo a mesma tombada pelo Patrimônio Histórico do Estado de São Paulo.

Depois, a Marcha prossegue pela Praça Clóvis Bevilácqua, Praça da Sé (onde havia um Pelourinho no século XVII). Também é local que o Padre Batista trabalhou como padre na Catedral da Sé e desenvolveu um grande trabalho com crianças e adolescentes de rua e muitas vezes protegendo-os da violência policial, seguindo pela Rua Roberto Simonsen, Rua Venceslau Brás (sede do Instituto do Negro Padre Batista), Rua Quinze de Novembro (que antigamente tinha o nome de Rua do Rosário dos Homens Pretos).

Em seguida a Marcha chega a Praça Antonio Prado, antigo Largo do Rosário, onde em 1724, foi construída a Igreja de Nossa senhora do Rosário dos Homens Pretos, que possuía um cemitério para o enterro de pessoas negras, permanecendo neste local até o final do século XIX.

O trajeto segue pela Avenida São João, Rua Líbero Badaró, Viaduto do Chá e Praça Ramos de Azevedo, local que fica o Teatro Municipal e em 1978, foi lançado em suas escadarias o Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial.

O caminho continua pela Rua Conselheiro Crispiniano, chegando, enfim, ao Largo do Paissandu, onde atualmente está localizada a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos (que foi transferida no início do século XX da Praça Antonio Prado e inaugurada em 1904), local que termina a Marcha em homenagem a luta e a resistência desta igreja, desde o período da escravidão até os dias de hoje.

A Marcha pretende iniciar o primeiro minuto do dia 13 de maio como um protesto contra o racismo e todas as formas de discriminação.

* Todos os dados foram extraídos de um projeto de Mestrado do Padre José Enes de Jesus, presidente do Instituto do Negro Padre Batista, entidade que juntamente com outras organizações do movimento negro, popular, promovem a Marcha.

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